Bando bota Perito com cara no chão.

As amizades construídas nas guerras, onde a vida e a morte estão separadas por uma linha tênue costumam perdurar por toda a existência. Esta regra também vale para as pessoas que, por uma situação limite do dia a dia em que passam por situações em que a morte é uma possibilidade real.

Isso aconteceu em Bom Despacho quando o Perito da Policia Civil Experidião Porto e o Coronel PM Marco Aurélio, que até então não se conheciam, foram vítimas em um mesmo momento de um assalto realizado por cinco homens fortemente armados na lanchonete Café da Terra, as margens da rodovia 262 no município de Araujos. Porto que se encontrava de serviço e com uma camisa da Policia argumentou com os assaltantes que seria pior para eles se eles matassem alguém naquele local e foi colocado deitado com o rosto no chão sendo que um dos assaltantes permaneceu ajoelhado nas costa do Perito com o cano da arma encostada em sua cabeça. O Coronel também não reagiu ao assalto, pois se encontravam com mais de trinta pessoas no local e um tiroteio poderia causar inúmeras vítimas inocentes.
Logo após os assaltantes empreenderem fuga do local, Coronel e Perito se juntaram para dar apoio as pessoas que la se encontravam em estado de desespero e ouviram delas uma agradecimento emocionado.
Naquele momento nasceu uma amizade e uma grande admiração entre os dois policiais. Em menos de dez minutos o local já estava cheio de Policiais Militares, em pouco tempo apareceu a Policia Rodoviária Federal.
Mais uma vez, mesmo contrariando o apelo dos demais policiais que pediram para o Perito e o Coronel irem descansar, os dois participaram das buscas pelo resto da madrugada sendo que, o próprio Perito Porto realizou a pericia no carro do Coronel que havia sido abandonado pelos bandidos em uma estrada vicinal de terra próxima ao Rio Lambari no município de Leandro Ferreira.
Iniciava-se ali uma caçada pelos criminosos que só acabaria com a prisão da quadrilha vinte dias depois. Um trabalho de inteligencia e monitoramento foi realizado com extrema eficiência pelo serviço reservado de inteligência da PM a chamada P2. Alguns Policiais Civis, amigos do Perito Porto deram total apoio e também participaram das investigações e captura dos bandidos. Outros porem, não se mostraram solidários e ainda fizeram chacota da situação dizendo que "se Coronel e Perito tivessem trabalhando ao invés de ter parado para comer nada teria acontecido" expondo um inexplicável e injustificável preconceito que beira a aversão que alguns Policias Civis nutrem contra seus colegas Peritos e Policiais Militares.

Naquele dia o Coronel Marco Aurélio teve seu carro destruído ao se chocar contra um toco, o Perito Porto perdeu o dinheiro que estava em seu bolso levado pelos ladrões, mas certamente, ganharam um bem muito mais precioso: uma amizade sincera forjada na adversidade que certamente durará o resto de suas vidas.

Certamente os atendados que os irmãos policiais de São Paulo foram vítimas os farão mais forte e unidos dando uma resposta enérgica e eficiente aos agressores tal qual aconteceu aqui no sertão das Minas Gerais.