terça-feira, 4 de novembro de 2014

Polícia Civil de Minas vai substituir armamento para melhorar combate ao crime


Comando da corporação está trocando pesado e lento revolver calibre 38 por arma semiautomática

Publicação: 04/11/2014 06:00 Atualização: 04/11/2014 07:27

Guilherme Paranaiba
A Polícia Civil (PC) de Minas Gerais está trocando o armamento de agentes, escrivães e delegados para se equiparar ao que é encontrado frequentemente nas mãos de criminosos. Apesar de a polícia não abrir o jogo, por questões de segurança, sobre quais modelos e a quantidade de armas adquiridas, o objetivo é diminuir gradativamente o uso do revólver calibre 38 como arma principal, substituindo-o pela pistola semiautomática calibre .40. Com a possibilidade de mais tiros, recarga rápida, melhor ergonomia e mais dispositivos de segurança, policiais dizem que ela exerce melhor papel no combate ao crime, que está crescendo. Segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), de janeiro a setembro foram apreendidas em média de 535 armas de calibres diversos por mês na Grande BH. O número é 31% maior que a média mensal do ano passado, que parou em 408 armas apreendidas mensalmente na mesma região.

De acordo com o inspetor Carlos Gonçalves Drumond, coordenador do setor de Manejo e Emprego de Arma de Fogo (Meaf) da Polícia Civil, de seis anos para cá os policiais que se formaram na academia têm recebido as pistolas no lugar do revólver 38. Porém, a corporação está adquirindo mais unidades para substituir os revólveres mais antigos. “A demanda principal é pela condição de se trabalhar com mais munição no dia a dia e também de se fazer uma recarga mais rápida”, explica o inspetor. O policial esclarece ainda que o impacto do tiro .40 no alvo é maior. “É duas vezes mais forte do que o disparo de 38. O desenho da pistola também ajuda na empunhadura, tem ergonomia melhor.”

O delegado chefe do Instituto de Criminologia da PC, Jorge Wagner Barbosa, lembra que a substituição dos modelos não se dá por causa de defeitos, que inviabilizam o uso dos revólveres. “São armas em condição de uso normal, mas que no enfrentamento estão em desvantagem. Estamos adquirindo as pistolas para nivelar.” Mesmo assim, ainda é comum o uso do 38 como segunda arma, em apoio à pistola. Segundo policiais, isso ocorre mais nos setores operacionais. 

Acostumado a lidar com os maiores bandidos do estado, o delegado Wanderson Gomes, chefe da Divisão Especializada de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp), afirma que em várias operações da divisão para combater crimes contra o patrimônio é comum a apreensão de pistolas semiautomáticas. “Posso afirmar que houve um aumento considerável. Inclusive, percebemos que um exemplar de fabricação israelense tem sido muito comum na nossa área. Em um dos casos que investigamos, um dos autores confessou que estava trazendo a pistola do Paraguai.” O delegado lembra ainda da apreensão de outras armas, como metralhadora de calibre .50 e fuzil 5,56mm, o que mostra que os bandidos têm acesso a armamento pesado. “Essa metralhadora é usada para furar a blindagem de carro-forte.” 

Para o pesquisador em tecnologia militar da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Expedito Bastos, a troca do 38 pela .40 confere muito mais poder de combate à Polícia Civil. “Você está saindo de uma arma que tem limitações para uma com tecnologia muito superior.” O risco de acidentes também é menor, segundo ele, porque a pistola tem trava de segurança. Por fim, ele acredita que a maioria dos bandidos usa as semiautomáticas. “No contexto da criminalidade do Brasil, onde já vimos apreensões de armas de guerra usadas na Síria e no Iraque, a pistola já é uma arma comum.”

Na Polícia Militar há o mesmo movimento, mas o assessor de comunicação da corporação, tenente-coronel Alberto Luiz Alves, afirma que praticamente toda a tropa em Minas já está portando a pistola .40 por questões de evolução da tecnologia e da modernização das condições da PM. “Temos um número inexpressivo de 38. A pistola .40 dá uma efetividade maior ao policial no combate à criminalidade do que o 38.” 

Raio-x

Revólver calibre 38
» Manuseio mais simples
» De cinco a nove tiros, conforme o tambor
» Menor calibre
» Recarga mais devagar, colocando bala por bala ou encaixando um conjunto de munições nos buracos
» Mais desconfortável para ser carregada por muito tempo

Pistola calibre.40
» Equipamento mais profissional, demanda mais conhecimento
» Nos modelos com três carregadores e 12 munições em cada, pode garantir 36 disparos em um tempo curto
» Travas de segurança
» Força de impacto da munição é duas vezes maior que o 38
» Recarga rápida, pela troca do carregador
» Desenho mais anatômico, tem melhor empunhadura e conforto tanto na cintura quanto no coldre

ENQUANTO ISSO...
…ocorrência eletrônica

Começa a valer hoje o registro de ocorrências de danos simples, conforme o artigo 163 do Código Penal, na Delegacia Virtual da Polícia Civil. Com a ampliação do leque de atuação do órgão eletrônico, a população poderá registrar crimes como danos ao patrimônio privado, destruição de bens, depredações, pichações e outros danos materiais que não sejam provocados com violência. Inaugurada em 30 de junho, a delegacia já funciona para registro de acidentes de trânsito sem vítimas, perda e extravio de documentos e objetos pessoais e para notificação de desaparecimento ou localização de pessoas. Cerca de 48 mil ocorrências já entraram no sistema da Polícia Civil, das quais 18.580 por acidentes, 27.531 por extravio de documentos, 2.008 por extravio de objetos pessoais e 48 por comunicação de pessoa desaparecida.

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